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A SAGA DO TEMPLO DE SALOMÃO - PARTE I

Por Lucas do Couto Santana


Parte I – Introdução


"E me fará um santuário, para que eu possa habitar no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo, e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis." (Êxodo 25:8-9)




A Augusta Respeitável Loja Simbólica Lux In Tenebris n. 47, jurisdicionada à GLOMARON, inaugura uma nova fase em sua história, consolidando-se como um espaço dedicado ao estudo e à pesquisa maçônica. Com o intuito de fomentar o conhecimento e promover o crescimento intelectual, a Loja dá início a uma série de artigos semanais, abordando temas relevantes e conectando a tradição maçônica à história e à cultura universal. Este marco representa um convite aberto a todos os irmãos para participarem ativamente, contribuindo com seus próprios artigos e publicações, compartilhando saberes e ampliando a produção cultural dentro da Maçonaria. Busca, assim, fortalecer o vínculo fraterno e expandir o entendimento dos mistérios maçônicos, unindo a busca pelo conhecimento à prática da arte maçônica, alcançando a todos os irmãos que desejam aprofundar-se em sua jornada.

Dentro desse espírito de crescimento e conhecimento, inicia-se com série de artigos, onde exploraremos detalhadamente a fascinante saga do Templo Judaico, proporcionando ao Maçom uma compreensão panorâmica da história do povo judeu, com foco especial na construção dos Templos de Jerusalém, a partir do Tabernáculo.

Como afirma Richard Kaczynski, Ph.D., o Templo de Salomão não é apenas um edifício, mas um ícone que moldou a fé, a história, a arte e as fraternidades, influenciando também a própria Maçonaria (cit. in Wasserman, 2011). Para o Maçom, essa compreensão é vital, pois o Templo não é apenas uma edificação física, mas um símbolo da construção interior, onde cada pedra esculpida representa uma virtude adquirida. O estudo profundo do Templo de Salomão também oferece uma lente através da qual se pode compreender a luta pela liberdade, a prática da justiça e o significado do dever.

O Templo serve como pano de fundo para muitas das lendas maçônicas, sendo fundamental para a compreensão dos rituais e graus, tanto simbólicos quanto filosóficos ou superiores. A Maçonaria, enquanto sistema de moralidade, utiliza alegorias e símbolos, e suas lendas são profundamente influenciadas pela história bíblica, especialmente pela construção do Templo. O Landmark 21, segundo a classificação de Albert Mackey, destaca a importância do Livro da Lei como parte necessária no ornamento da Loja, evidenciando que a Bíblia é a base de todos os graus.

É imperativo que o Maçom compreenda bem essa história, pois ela oferece o contexto necessário para desvendar o significado dos rituais e símbolos a Ordem. Através desta série, semanalmente, traremos um capítulo dessa saga, tornando acessível o conhecimento sobre a lenda do Templo, e guiando o Maçom a identificar em qual contexto histórico sua caminhada se desenvolve.

Há milênios, uma centelha de luz originada nos céus deu início à formação do que hoje conhecemos como Terra. Dessa minúscula partícula de matéria – que se tornaria a Pedra Fundamental (even shetiyya) – se desenvolveu o nosso mundo. Cerca de três mil anos atrás, essa mesma pedra se tornou a base sobre a qual foi erguido o lendário Templo de Salomão, e posteriormente o Templo de Zorobabel e o Templo de Herodes. Hoje, o local é abrigado pelo Domo da Rocha, um dos santuários mais importantes do Islã.

A história do Templo de Salomão pode-se dizer que inicia muito antes de sua construção. Simbolicamente, sua saga remonta ao Jardim do Éden, onde a humanidade, ainda em estado de graça, caminhava ao lado de Deus. Após a “queda”, com a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, a busca pela reconexão com o divino tornou-se o tema central da existência humana.

O Monte do Templo, também conhecido como Monte Moriá, em Jerusalém, possui uma importância incomparável para as três principais religiões monoteístas – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. De acordo com a tradição judaica e islâmica, foi ali que Abraão demonstrou sua fé ao estar disposto a sacrificar seu filho Isaac, seguindo a ordem divina. Ao longo do Antigo Testamento, o local foi repetidamente consagrado como o ponto onde Deus manifestava Sua presença na Terra. Para os cristãos, esse também foi o local onde Jesus, ainda jovem, conversou com os rabinos e, mais tarde, pregou e confrontou os mercadores no Templo. O Templo surge, portanto, como uma tentativa de restabelecer essa conexão perdida, e cada altar construído e cada Tabernáculo erguido representando um novo esforço para trazer o céu de volta à terra.

O Templo de Salomão não perdeu sua relevância ao longo dos milênios. Desde sua conclusão em 957 a.C., ele permanece um símbolo poderoso da aspiração humana por uma conexão com o divino. Mais do que uma simples construção, o Templo representa a manifestação física de um propósito espiritual maior – a separação entre o sagrado e o profano, a transformação da fé em ação concreta, e o esforço dedicado de uma comunidade para erguer um espaço em honra à presença de Deus.

O rei Davi inicialmente reuniu os materiais e planos para a construção do Templo. Contudo, coube a seu filho, Salomão, a responsabilidade de erguê-lo. A estrutura monumental abrigava a Arca da Aliança, revestida de ouro, que guardava as duas Tábuas da Lei, inscritas pelo próprio dedo de Deus quando Moisés recebeu os mandamentos no Monte Sinai. Por aproximadamente quatro séculos, a Arca havia permanecido no Tabernáculo, uma tenda móvel e ricamente decorada, antes de ser finalmente depositada no Santo dos Santos, o lugar mais sagrado dentro do Templo.

Ao longo dos séculos, o Templo de Salomão não apenas serviu como um centro de adoração, mas tornou-se também o berço de lendas, mistérios e tradições esotéricas. Durante as Cruzadas, os Cavaleiros Templários, guerreiros que juraram proteger a Terra Santa, escolheram o local do Templo como sua sede. Inúmeras histórias emergiram sobre os segredos que a Ordem poderia ter descoberto nas ruínas do Templo. Embora essas lendas permaneçam envoltas em mistério, uma verdade se sobressai: tanto a Bíblia quanto o Templo de Salomão representavam o coração pulsante que guiava a fé e as ações dos Cavaleiros Templários.

Portanto, a construção do Templo de Salomão é o mito fundador da Maçonaria. Os artesãos, sob a direção do Mestre Maçom Hiram Abiff, trabalharam arduamente para erguer o edifício místico, perfeitamente proporcionado, que abrigaria e celebraria a presença do Senhor³. Quem, além dos mais habilidosos e espirituais artesãos e adeptos, poderia ser confiado a tal tarefa? Cada Maçom já caminhou entre as colunas desse Templo em sua busca pela Verdade.

Convidamos todos os irmãos a iniciarem esta jornada de descoberta e aprendizado, como obreiros que dão seus primeiros golpes nas pedreiras. Que esta série de artigos represente os passos dessa caminhada, da pedra bruta ao acabamento final, fortalecendo nossa compreensão e nos guiando no contínuo processo de aperfeiçoamento dentro da sublime Arte Real. Aqui, construímos não apenas um templo de pedra, mas um templo de sabedoria e virtudes que perdurará para as próximas gerações de maçons.

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