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A CHAMA PILOTO DA VIDA: UMA METÁFORA PARA A RESILIÊNCIA HUMANA

Autor: Geraldo Marcelo Lemos Gonçalves


A “chama piloto”, conhecida em inglês como pilot light, é um pequeno componente essencial em aparelhos a gás, como fogões e aquecedores.


Trata-se de uma chama que permanece acesa constantemente, pronta para acionar o gás principal e gerar a energia e ou aquecimento necessários.


Embora resistente, essa chama pode ser apagada por fatores externos, como ventos fortes, sujeira ou falhas no fornecimento de gás.


Quando isso acontece, é necessário reacendê-la manualmente. Essa dinâmica oferece uma metáfora poderosa para a vida humana: “assim como a chama piloto, nossa força interior pode enfraquecer ou se apagar diante de adversidades, mas sempre pode ser reacendida”.


A vida é marcada por altos e baixos. Desafios inesperados, como problemas financeiros, crises de saúde, perdas afetivas ou dilemas existenciais, podem ser comparados aos “ventos” que ameaçam extinguir nossa chama interior.


Esses momentos de dificuldade muitas vezes nos deixam desamparados, questionando nossa capacidade de seguir em frente. No entanto, a metáfora da “chama piloto” nos ensina que, por mais que sejamos afetados pelas intempéries da vida, sempre podemos buscar recursos para reacender nossa luz interior e retomar o controle de nossas trajetórias.



Figura 01, by Titanic Belfast, Dr. Ballard visit 2023, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=146681646
Figura 01, by Titanic Belfast, Dr. Ballard visit 2023, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=146681646

A história de Robert Duane Ballard (Figura01), um renomado oceanógrafo e explorador, ilustra de forma comovente essa metáfora. Nascido em 30 de junho de 1942, Ballard é mais conhecido por suas descobertas dos destroços do RMS Titanic em 1985, do encouraçado Bismarck em 1989 e do porta-aviões USS Yorktown em 1998.


Além disso, ele fez contribuições significativas para a ciência ao descobrir formas de vida nas fontes hidrotermais do fundo do oceano, organismos que sobrevivem sem luz solar, alimentando-se de nutrientes químicos.


Ballard costumava dizer que “encontrar fontes hidrotermais é muito melhor do que encontrar o Titanic”, embora sua mãe, de forma bem-humorada, tenha comentado: “É uma pena que você tenha encontrado aquele velho barco enferrujado... eles só vão se lembrar de você por encontrá-lo”.


Apesar de suas conquistas extraordinárias, Ballard enfrentou uma tragédia pessoal que abalou profundamente sua vida. Em 2003, ele perdeu seu filho, Todd Ballard, em um acidente automobilístico.


Essa perda lançou Robert em um período de luto intenso, forçando-o a refletir sobre a dor, a resiliência e a necessidade de reacender sua própria chama interior.


Em entrevistas, ele compartilhou como o luto o levou a buscar forças em sua família, sua fé, sua missão científica e no legado que desejava deixar. Ballard comparou sua jornada ao processo de reacender uma “chama piloto”, enfatizando a importância de pequenos atos que mantêm nossa força vital em tempos de dor.


Assim como Ballard encontrou formas de reagir à dor e reacender sua luz interior, todos nós podemos buscar apoio em diferentes fontes para superar momentos difíceis.


O apoio social de amigos e familiares desempenham um papel fundamental em momentos de crise (Figura 02). Conversar, compartilhar experiências e receber apoio emocional pode aliviar o peso do sofrimento. Uma rede de apoio sólida nos lembra que não estamos sozinhos.


Figura 02, imagem gerada por IA
Figura 02, imagem gerada por IA

Outra fonte de grande ajuda, é a de psicólogos e terapeutas, são essenciais para enfrentar o luto, a depressão e outras dificuldades emocionais. Esses profissionais oferecem ferramentas específicas para processar sentimentos e superar desafios. Quando necessário, a ajuda psiquiátrica e o uso de medicamentos também podem ser opções importantes.


A prática regular de atividades como caminhadas, natação ou ioga libera endorfinas, conhecidas como “hormônios da felicidade”. Além de melhorar o humor, os exercícios ajudam a combater a ansiedade e proporcionam uma sensação de controle sobre o próprio corpo.


Técnicas como meditação, mindfulness e respiração consciente são poderosas para organizar os pensamentos e aliviar o estresse. Elas promovem clareza mental e ajudam a manter o foco no presente.


Como não citar a fé em Deus ou em uma entidade superior, isso é uma fonte inesgotável de força e consolo. A oração, a leitura de textos sagrados, recitação de mantras e a meditação espiritual ajudam a encontrar sentido em momentos de dor, trazendo esperança e renovação.


Uma alimentação acompanhada por um nutricionista, rica em alimentos que são precursores de mediadores químicos, pode ser uma aliada poderosa para enfrentar momentos de dificuldade.


Nutrientes como ômega-3, presentes em peixes e sementes, e triptofano, encontrado em alimentos como banana e chocolate amargo, ajudam na produção de serotonina, um neurotransmissor essencial para o bem-estar emocional.


Além disso, vitaminas do complexo B, magnésio e zinco desempenham papéis importantes na regulação do humor e na redução do estresse. Um plano alimentar equilibrado, orientado por um profissional, não só fortalece o corpo, mas também contribui para a saúde mental, oferecendo suporte bioquímico para enfrentar desafios emocionais.


Táticas como a Medicina Tradicional Chinesa, Reiki e artes marciais também podem ser recursos valiosos para fortalecer a resiliência e reacender a chama interior (Figura 03).



Figura 03, imagem gerada por IA
Figura 03, imagem gerada por IA

A Medicina Tradicional Chinesa, com suas práticas de acupuntura e fitoterapia, busca equilibrar a energia vital (Qi) e promover a harmonia entre corpo e mente.


O Reiki, por sua vez, é uma técnica de cura energética que visa restaurar o fluxo de energia vital, proporcionando relaxamento e alívio emocional.

Já as artes marciais, como o tai chi chuan e o kung fu, combinam movimentos físicos com concentração mental, promovendo não apenas a saúde física, mas também o equilíbrio emocional e a disciplina interior.


Essas práticas milenares nos lembram que a resiliência pode ser cultivada por meio de abordagens holísticas, que integram corpo, mente e espírito, ajudando-nos a enfrentar os ventos da vida com maior serenidade e força.


A família, especialmente o cônjuge, filhos, pais ou irmãos, pode ser um pilar de sustentação em tempos difíceis. O diálogo, o carinho e o apoio mútuo fortalecem os laços e proporcionam segurança emocional.


Envolver-se em novos projetos que tragam impacto positivo, como voluntariado ou novos aprendizados, podem transformar a dor em motivação. No caso de Ballard, a continuidade de suas expedições e sua dedicação à educação de jovens o ajudaram a redescobrir seu propósito de vida.


A metáfora da chama piloto é uma representação vívida de nossa resiliência. Assim como ela exige atenção para permanecer acesa, nossa força interior também precisa ser nutrida e protegida.


A história de Robert Duane Ballard nos ensina que, mesmo diante das maiores tragédias, é possível encontrar forças para continuar. Ele nos inspira a buscar apoio em várias fontes e a transformar nossa dor em aprendizado e propósito.


A vida nos desafia constantemente, mas também nos oferece a oportunidade de reacender nossa luz interior. A chama piloto, com sua simplicidade, nos lembra de que, por mais que os ventos tentem apagá-la, sempre é possível reacendê-la.


Que possamos aprender a valorizar e nutrir essa chama, seja por meio da ajuda de amigos, da fé, do apoio profissional ou da reconexão com propósitos maiores. Afinal, a resiliência é a arte de manter viva a luz que ilumina nossas vidas, mesmo nos momentos mais escuros.



Referências Bibliográficas:


BALLARD, Robert D. The Eternal Darkness: A Personal History of Deep-Sea Exploration. Princeton University Press, 2000.


FRANKL, Viktor E. Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração. Editora Vozes, 2017.


SELIGMAN, Martin E. P. Florescer: Uma Nova Compreensão Sobre a Natureza da Felicidade e do Bem-Estar. Objetiva, 2011.


NEFF, Kristin. Autocompaixão: Pare de Se Torturar e Deixe a Insegurança Para Trás. Editora Sextante, 2019.


KABAT-ZINN, Jon. Viver Momentos de Crise: Como Usar a Sabedoria do Corpo e da Mente para Enfrentar o Estresse, a Dor e a Doença. Editora Palas Athena, 2013.



Sobre o Autor:


Geraldo Marcelo Lemos Gonçalves é Bacharel em Odontologia (UFVJM, 1999), Especialista em Odontopediatria (UFVJM, 2003), Especialista em Implantodontia (UNIASSELVI, 2013), Habilitação em Sedação Consciente e Analgesia Inalatória (ABRASCO, 2015), Especialista em Maçonologia: História e Filosofia (UNINTER, 2018), Bacharel em Administração de Empresas (UNINTER, 2022), Mestre em Prótese Dental (SLMANDIC, 2023). Na Maçonaria, é Mestre Maçom Instalado, membro da A.R.L.S. Estrela Maior de Turmalina nº 243 do GOMG e Membro Correspondente da A.R.L.S. Virtual Lux in Tenebris n° 47, GLOMARON.

 
 
 

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